11 fevereiro 2016

Agradite


Você não pode agradar a todos. Você não é um pote de nutella. 
Quantas vezes já li essa frase nas redes sociais e acredito que sofro desse mal. 
Não o de comer nutella! Isso é bom...
O de querer agradar todo mundo mesmo. 
Acho que a minha agradite começou ainda criança, quando senti os primeiros sintomas. Ficava triste quando alguém ficava triste e me quebrava em vinte para fazer a pessoa feliz. Chegava a dar algo meu para tanto. Abdicava de coisas que queria fazer em prol dos outros. 
Com o tempo os sintomas de agradite se intensificaram e eu passei a ter um quadro crônico, com direito a um efeito secundário de baixa-estimatite. Tudo girava em torno dos outros e o que os outros queriam. Ficava feliz vendo que fizera os outros felizes. 
Alguém da plateia pode dizer: mas isso é bom! É empatia, caridade. 
Até certo ponto, até certo ponto. 
Quando passamos a nos deixar de lado o tempo todo, nos apagando e esquecendo de nós mesmos em prol do outro, é agradite. Uma doença que deve ser tratada. 
E foi o que fiz. Dez anos de psicoterapia na veia, uma vez na semana. 
Não posso dizer que minha agradite foi embora cem por cento. Ainda é muito importante para mim fazer as pessoas felizes. Mas tento me inserir no contexto, não me perder de vista, nem ultrapassar meus limites. Aprendi que agradar a mim mesma também é bem importante. 
De vez em quando tenho recaídas e fico achando que incomodei a pessoa, que deveria ter feito isso ou aquilo. Mas quando esses pensamentos acontecem, converso comigo mesma, com todo amor e carinho, digo: 
Calabocasualocavaisetratar. 
E tudo fica bem de novo. 
Se conhecer e saber lidar com as suas mazelas é a chave para uma vida feliz. 

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