23 abril 2016

Jeitinho brasileiro infantil


No final de semana passado levei minha filha a um parque de diversões, para curtirmos o resquício do feriado. O dia estava lindo e logo minha filhota quis ir em um brinquedo que imitava jatinhos. O primo estava junto e foi aquela festa. 
Esperamos pacientemente na fila (que não era pequena). Quando os portões abriram, minha filha e o primo novamente esperaram até que fosse a vez deles de entrar no tal jatinho. Só que quando isso ia acontecer um menino que estava atrás deles na fila correu na frente e empurrou-os, sentando no brinquedo antes deles. 
Nota: era o ultimo jatinho vazio daquela rodada. 
Minha filha ficou me olhando com aqueles olhos fofos e fundos, triste pela injustiça e por ter que esperar de novo. 
Aí você: 
a) entra no brinquedo, soca a criança e é presa por maus tratos infantis; 
b) procura o pai/mãe da cria e obrigada ele/ela a ensinar bons modos para o sujeitinho; 
c) explica para a filha que o que o menino fez foi errado e é por isso que o país não vai para frente; 
d) todas as anteriores. 
Fui de letra c, já que o pai do guri achou graça no que ele fez e eu fiquei é com vontade de socar o genitor. 
Muitos pais acham o máximo o filho ser espertão, tirar vantagem em cima dos outros. Estes serão os futuros cidadãos brasileiros que se orgulham do "jeitinho", de furar fila, de não esperar a vez, de burlar as regras, ir pelo caminho fácil. 
Aí você me diz que o que o menino fez foi coisa de criança, normal... Sei, morder e bater também é comum em criança e nem por isso é certo. 
O fato é que não damos o devido valor ao ato de respeitar quem está ao nosso lado. 
Lembro que uma conhecida falou que cortou a frente de uma senhora no supermercado e, quando viu que a conhecia, pediu desculpas. Tipo, se fosse estranha tudo bem, né? 
Infelizmente seguimos essa regra por aqui. Não basta ser para merecer o respeito. Todo mundo merece ter sua vez respeitada, seu direito a algo. Independente de ter vinculo ou não. 
Penso que é um problema cultural, sendo que não vejo isso em todos os países. 
Ou seja, não é da raça humana o desprezo pelo outro. É da forma como educamos nossos filhos. E isso independe de ter mais ou menos dinheiro. Basta valorizarmos a educação, os preceitos sociais da boa convivência. 
Falamos tanto no fim da corrupção, mas não ensinamos nossas crianças a não serem corruptas. 
No jogo de futebol existe um juiz para brecar quem resolve passar a perna no amigo. Aquele jogador que se acha safo o suficiente para cometer faltas sem ser marcado. E se o jogador é do nosso time tudo bem, né? O que esse menino fez, meus caros, merece um cartão vermelho infantil! 



Nenhum comentário:

Postar um comentário