Nessa era digital, onde os livros físicos dão passagem aos digitais por absoluta comodidade e espaço - não necessariamente por serem mais interessantes - resolvi que já era hora de fazer o mesmo com meus livros de receitas. Afinal, tantos vídeos top com receitas incríveis a um simples touch de tela. Como resistir?
E lá fui eu escolher uma receita bacana de suflê que vi perambulando pelas redes. Não, não era suflê de queijo, batata, carne, não... Era de nutella! Nu-te-lla! Irresistível. Trai meu livro de receitas, separei os ingredientes e vamos lá fazer essa delicia obscena da dietética.
Eu e o Murphy.
Sabe, o Murphy? Aquele filósofo sacana que diz que tudo que pode dar errado possivelmente dará errado? Esse mesmo.
E o vídeo começa:
Separe duas gemas das claras.
Perai! Separe-duas-gemas...
Bata com duas colheres de nutella.
Calma, to separando as gemas ainda!
Incorpore duas claras em neve à mistura.
Nossa! Já bateu as claras! Perai que caiu ovo no celular e não consigo pausar!
Unte uma pequena fôrma com cacau.
Bate as claras! Bate as claras! Rápido!
Coloque massa o equivalente a uma noz.
Alguém tem uma noz aí?
Asse a 180 graus em banho maria.
Agora complicou! E cadê esse cacau desgramento? Serve achocolatado?
Retire do forno gentilmente.
Querido suflê, fofinho, amado, você poderia por favor sair do forno e continuar lindo e gato?
Sirva ainda quente.
E assim o vídeo termina com alguém enchendo uma colher com o delicioso suflê que surpreendentemente é crocante por fora e cremoso por dentro.
Me perco babando até sentir um cheiro de queimado. É a massa do suflê que transbordou no forno e empestiou a casa toda. Acho que a minha noz estava mais para laranja mesmo.
Olho para Murphy, ele olha pra mim, toda melecada de ovo, chocolate e suor. Aponta lentamente para minha estante, onde o livro da Ofélia Buda repousa.
De voltas às origens!
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