16 janeiro 2016

Sobre solidão e livros




Esses dias, conversando com uma amiga, ouvi que ler era um passatempo solitário demais para ela. 
Confesso que na hora nada fiz para defender a leitura ou para convencê-la de que ler é um dos melhores hábitos e diversão possíveis. 
Não por falta de amor pela leitura, longe disso. Mas porque tenho um problema de delay, normalmente só penso no que deveria ter dito uma hora depois (alguém se identifica ae?). 
Enfim, depois refleti sobre o que ela disse e decidi que estava certa... E errada! 
Como assim, Bial?
Explico, explico...
É que bem, sim, é um passatempo solitário, já que fica difícil se concentrar na leitura com alguém buzinando no nosso ouvido. Se você consegue ler e desenvolver uma conversa ao mesmo tempo, parabéns, muito bem, mas eu ainda não cheguei nesse nível de evolução da espécie. Então, preciso de um momento só-comigo-mesma-obrigada para ler o que quer que for.
Ou seja, preciso ficar dentro de mim mesma, o máximo alheia que conseguir ao que está à minha volta. 
O fato de eu ser mãe deveria me garantir algum brinde nesse sentido, como conseguir trocar fralda e ler, explicar porque a Peppa é mal educada e ler, perguntar se escovou o dente e ler...muito prático, né? Mas, não, ainda não consigo essa proeza. 
Será por isso que a maioria das pessoas prefere a calada da noite para ler, abdicando do sono em prol de um bom livro? Pode ser, pode ser...
Contudo, devo dizer que a leitura não é uma ausência de interação. Nenhum pouco. Quem sente falta do personagem quando acaba o livro e de vez em quando volta a folhear as páginas para "matar a saudade" da criatura? 
Euzinha. E mais um monte de leitores inveterados que eu sei! 
Quem se pega achando que a mãe da personagem é simplesmente i-gual-zi-nha a sua e que as duas deveriam se encontrar? Ou que a protagonista é uma burra e fez exatamente o que você fez no passado com o ex? E fica morrendo de raiva dela?
É muita identificação. 
Ler um livro é, antes de tudo, ler a si mesmo frente ao que acontece nas páginas. Uma catarse interessante. 
Outro ponto é que, mesmo sendo um passatempo solitário, a leitura gera a procura por outros seres da mesma espécie. Quem leu um livro mara logo quer indicar para outros doidinhos obcecados por leitura. E aí a troca é certa, muita conversa e opinião, embaladas por diversas formas de se ver o livro. 
Agora já sei o que falar para a minha amiga extrovertida. Quem sabe a converto à seita dos leitores-forever-pra-caramba. 
Taí! Gostei. 



Nenhum comentário:

Postar um comentário