Contudo, na primeira mordida ela constatou que estavam intragáveis e me estendeu o bolinho mordido.
Veredicto: era um monte de sal com um pouco da bolinho. Acho que a cozinheira estava apaixonada.
Educadamente resolvi relatar tal fato ao dono do restaurante, quando fui pagar a conta.
Disse que minha filha não havia conseguido comer o bolinho de arroz, pois estava muito salgado.
Ele prontamente me respondeu, em seu jeito Horse de ser:
- Entao ela que não coma.
Juro, deu vontade de esvaziar a bandeja de bolinhos na boca do dizinfeliz! Mas, como toda boa moça bem apessoada e rancorosa fiz pior: Nunca mais coloquei os pés naquele estabelecimento.
Cogito aqui com meus botões se o cidadão, dono desse restaurante, reclama da crise.
Porque no caso dele, se o restaurante passar por algum perrengue, não vai ser problema da crise do país. Mas sim da crise existencial que deve pairar sobre a cabeça desse ser das cavernas.
Imagino que muitas pessoas fazem a mesma coisa: reclamam da crise mas não param para pensar qual o seu papel nela. Sim, porque ficar sentado esperando a crise passar não vai fazer a crise passar. Parece óbvio? Acho que não...
O que você faz para manter seus clientes, com crise ou sem crise? Qual o seu diferencial? O que faz com que uma empresa deseje seu trabalho, um cliente deseje seu produto, um leitor deseje os seus livros? O que você faz para que isso aconteça?
Sei que não está fácil para ninguém. Está tudo mais caro. O que recebíamos ontem, hoje não vale a mesma coisa. Mas isso não pode ser desculpa para fazer menos ou deixar de fazer.
Devemos nos fortalecer, atender melhor, trabalhar melhor, escrever mais e melhor. Ensinar aos nossos filhos o valor das coisas e que o que mais importa o dinheiro não compra: caridade, empatia, boa educação.
E, acredite, sem isso a comida de qualquer restaurante pode ser fabulosa, o trabalho de qualquer pessoa pode ser incrível, que ninguém vai querer.
E o que eu fiz com o desejo gastronômico da minha filha?
Aprendi a fazer bolinho de arroz em casa, recheado de amor de mãe.
Ela adorou.
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