27 janeiro 2016

Crise existencial

Esses dias fui a um restaurante que considero muito bom. Considerava, considerava. Minha filha adora bolinhos de arroz e foi direto ataca-los quando os viu, lindos e reluzentes, no buffet. 
Contudo, na primeira mordida ela constatou que estavam intragáveis e me estendeu o bolinho mordido.
Veredicto: era um monte de sal com um pouco da bolinho. Acho que a cozinheira estava apaixonada. 
Educadamente resolvi relatar tal fato ao dono do restaurante, quando fui pagar a conta. 
Disse que minha filha não havia conseguido comer o bolinho de arroz, pois estava muito salgado.
Ele prontamente me respondeu, em seu jeito Horse de ser:
- Entao ela que não coma. 
Juro, deu vontade de esvaziar a bandeja de bolinhos na boca do dizinfeliz! Mas, como toda boa moça bem apessoada e rancorosa fiz pior: Nunca mais coloquei os pés naquele estabelecimento. 
Cogito aqui com meus botões se o cidadão, dono desse restaurante, reclama da crise.  
Porque no caso dele, se o restaurante passar por algum perrengue, não vai ser problema da crise do país. Mas sim da crise existencial que deve pairar sobre a cabeça desse ser das cavernas. 
Imagino que muitas pessoas fazem a mesma coisa: reclamam da crise mas não param para pensar qual o seu papel nela. Sim, porque ficar sentado esperando a crise passar não vai fazer a crise passar. Parece óbvio? Acho que não...
O que você faz para manter seus clientes, com crise ou sem crise? Qual o seu diferencial? O que faz com que uma empresa deseje seu trabalho, um cliente deseje seu produto, um leitor deseje os seus livros? O que você faz para que isso aconteça? 
Sei que não está fácil para ninguém. Está tudo mais caro. O que recebíamos ontem, hoje não vale a mesma coisa. Mas isso não pode ser desculpa para fazer menos ou deixar de fazer. 
Devemos nos fortalecer, atender melhor, trabalhar melhor, escrever mais e melhor. Ensinar aos nossos filhos o valor das coisas e que o que mais importa o dinheiro não compra: caridade, empatia, boa educação. 
E, acredite, sem isso a comida de qualquer restaurante pode ser fabulosa, o trabalho de qualquer pessoa pode ser incrível, que ninguém vai querer.
E o que eu fiz com o desejo gastronômico da minha filha? 
Aprendi a fazer bolinho de arroz em casa, recheado de amor de mãe. 
Ela adorou. 


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