27 outubro 2015

À prova de adulto



Neste final de semana fui passear com minha filha no shopping.
Ela estava feliz, passou de ano na escola - e eu fiquei mais feliz ainda.
Tendo em vista todo o esforço dela para percorrer esse primeiro ano, um ano que - a meu ver - exige muitas mudanças e maturidade, resolvi que ela merecia um presente.
- Filha, você pode escolher uma recompensa por esse ano suado que passou. Estou muito orgulhosa de você e do seu esforço! - elogiei, prometendo o presente.
Ela ficou feliz, piscou muitas vezes, ansiosa.
O que escolher?
Aí foram mais de duas horas olhando tudo quanto era canto da loja de brinquedo, acho que sei até o nome de todas as bonecas-monstro de cor. Pelo que entendi o ato de escolher o brinquedo, as infinitas possibilidades, acaba sendo mais interessante do que o brinquedo em si. Acho que isso faz sentido, é só ver uma mulher comprando roupa.
Prova.
Prova.
Prova.
No final leva um lenço.
Faz sentido.
Bom, quando eu estava de saco cheio e não aguentava mais nenhum brinquedo falando no meu ouvido - vocês sabiam que tem uma boneca bebê que arrota, vomita e faz coco? Porque alguém ia querer algo assim? É o que de pior um bebê pode ter! - minha filha finalmente escolheu o dito presente: 
Uma boneca muito bonita, de cabelos roxos, pele de fantasma, filha da rainha má da Branca de neve. Punk
Essa é minha filha!
Puxou a mãe.
Levei a escolhida para o caixa, feliz da vida, paguei - não tão feliz da vida - e fui com minha menina até um lugar para fazer um lanche e celebrarmos.
Aí veio o pedido:
- Mãe, abre a caixa da boneca?
- Claro, filha, dá ela aqui.
Reviro a caixa do avesso. Mais lacrada que caixão no dia do enterro.
Tento uma vez.
Nada.
Tento duas.
Nada.
Uso toda minha força colossal e estrambólica.
E ela rasga. Do ladinho.
Preciso de mais um apelo de ignorância para ela abrir por completo.
Ufa - pensei - acabou!
Que nada, lá dentro a boneca estava mais amarrada que o pinóquio na historia original.
Resumindo: levei mais de quarenta minutos - quarenta minutos! - para desenrolar a tal da boneca. O que me salvou foi descobrir que as mãos dela saiam, facilitando o serviço - tá, isso foi meio arrepiante, aquela boneca com as mãos decepadas, coisa e tal.
No final minha filha estava feliz, realizada com a boneca em mãos. E eu um bagaço humano.
Pra que ginastica?  Abrir uma boneca queima mil calorias, garanto!
Bonecas à prova de adultos, esse é o canal para perder a pança.
- Mãe, no meu aniversário quero a amiga dessa boneca, a filha do chapeleiro louco!
Essa é a minha menina!
Puxou a mãe!
O imperfeito é mais legal, com certeza. :)





Um comentário: