01 setembro 2015

A difícil arte de ser o que se é




Esses dias estava tomando um café com minha filha, feliz da vida, em uma doceria deliciosa, situada em uma rua bem movimentada. 
Acompanhava o vai e vem de pedestres, todos tão diferentes entre si, mas ao mesmo tempo tão parecidos! Fiquei impressionada com tantas meninas com roupas parecidas, cabelos parecidos, cores parecidas. 
Já estava achando tudo aquilo meio chato, quando passou uma adolescente muito especial, tinha os cabelos crespíssemos, da cor do fogo, sardentinha, baixinha, com bochechas grandes e fofas. Usava um vestido verde meio larguinho e sapatilhas que não favoreciam em nada a altura. No pescoço um monte de balangandãs coloridos, dependurados um em cima do outro. O cabelo voava para todos os lados, elétrico e cheio de vida. Ela estava, estava... Linda! Fora de qualquer padrão de beleza existente. E linda. 
Parei para pensar e entendi que a beleza que ela irradiava não era só física. Era a verdadeira beleza. A da aceitação do que se é. 
Ela andava feliz, cantarolava, linda! 
Fiquei  impressionada com tanta segurança. Afinal, o que a maioria das meninas nessa idade faria seria alisar o cabelo, emagrecer para perder a bochechas, usar um salto para crescer uns centímetros e se encher de maquiagem para cobrir as sardas. Entraria em algum padrão existente. E perderia toda a graça.
Ao ver essa menina tão linda, desfilando por aí, sendo o que se é, entendi que isso é uma arte. Como é difícil ser o que se é! E como é difícil aceitar os outros como os outros são! 
Sempre queremos ser mais altos/baixos/magros/gostosos/inteligentes/iguais-a-atriz-da-novela-das-sete! E queremos que o outro siga esse caminho.
E isso é um erro. Não somos iguais, ainda bem. Temos muitas opções de jeitos e estilos, para deixar o universo interessante. 
O mundo (e eu!) temos muito o que aprender com essa menina linda, que vi passeando despretensiosamente por aí, colorindo o dia. 

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